LEMBRANÇA DE MORRER
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam
ÁLVARES DE AZEVEDO
2ª GERAÇÃO DA POESIA ROMÂNTICA
ULTRARROMÂNTICA
MAL-DO-SÉCULO
BYRONISMO OU BAYRONIANA
Enquanto o homem busca um espaço
social, o ultra-romântico afasta-se;
opta pela fantasia ao invés da realidade,
entrega-se aos seus próprios fantasmas,
oculta-se em seu próprio mundo.
Entretanto, esta atitude o escraviza
quando levado ao extremo: negar a vida
conduz ao delírio da morte, ao excessivo
egocentrismo e outros fatores mórbidos;
ÁLVARES DE AZEVEDO
- foi o maior representante da Segunda
- Geração Romântica.
- Sua prosa apresenta o noturno, o
- aventuresco, o macabro, o satânico, o
- incestuoso, os elementos do romantismo
- maldito.
- Abrangem o amor e a morte sob uma
- perspectiva extremamente egocêntrica.
- O contínuo embate entre a idealização
- espiritualizada e o desejo carnal.
Autores:
Casimiro de Abreu,
Fagundes Varela
Junqueira Freire.
apresentam entre si uma característica comum: o
Medo de AMAR.
Esse temor é, em essência, o medo de macular
(desonrar) a virgem, de entregar-se ao prazer carnal e,
assim, destruir o próprio amor que, na visão deles,
passa a ser sinônimo de impureza e pecado.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
DO
ULTRARROMANTISMO
Liberdade criadora (o conteúdo é mais importante que a
forma; são comuns deslizes gramaticais);
Versificação livre;
Dúvida, dualismo;
Spleen (tédio constante), morbidez, sofrimento,
pessimismo, negativismo, satanismo, masoquismo,
cinismo, autodestruição;
Fuga da realidade para o mundo dos sonhos, da
fantasia e da imaginação (escapismo, evasão);
desilusão adolescente;
Consciência de solidão;
Idealização do amor;
Idealização da mulher (assexuada);
Saudosismo (saudade da infância e do passado);
Gosto pelo noturno;
A morte: fuga total e definitiva da vida, solução para os
sofrimentos;
Sarcasmo, ironia
Mal-do-século (depressão voluntária)
Se eu morresse amanhã
Álvares de Azevedo
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
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